sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O que fica quando acaba o amor

"Devia existir um manual de instruções para acabar relações.
A verdade é que sabemos sempre começá-las... (...) Não há nada melhor do que começar uma relação. O novo é irresistivel. (...) É a primeira vez outra vez em tudo. Descobrimos o outro em nós e nós no outro.
No inicio de todos os inicios sentimo-nos tão estupidamente felizes que seríamos capazes de morrer a seguir, porque achamos que antigimos o ponto máximo possivel da felicidade.
O pior vem a seguir. Como dizia Picasso: bom mesmo é o inicio, porque a seguir começa logo o fim. E quando o fim chega, já é tarde demais para voltar atrás. É sempre tarde demais. 
Isto do amor é mesmo uma coisa complicada, começa-se do nada, vive-se na ilusão que se tem tudo, mas o que fica quando o amor acaba é um nada ainda maior. E o pior, o pior é que na primeira oportunidade repetem-se os mesmo erros á espera de resultados diferentes, o que é uma boa definição de demência. E quem se considere imune a tais disparates e nunca tenha passado por estas avarias sentimentais, que atire a primeira pedra.
O Miguel Sousa Tavares escreveu, primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que aparece onde dantes estava a intimidade. E pronto, já está tudo estragado. Acaba-se a festa, o delírio, o fogo de artificio, o sabor da novidade, e onde vamos parar? Ao vazio. Ao abismo. Ao grande buraco negro dessa coisa horrivel e inevitável que se chama depois, depois de se apagar a chama. E esta é a condição humana, doa a quem doer. (...)
Mas não podemos viver sem ele (o amor) e, quando o perdemos, achamos que nunca mais o vamos conseguir encontrar." 

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